Episódio 5 – Invesmentos de Renda Fixa
Quando investimos em Renda Fixa estamos emprestando dinheiro para o emissor do título, que pode ser o Governo Federal, através dos títulos públicos federais, um Banco ou uma outra empresa privada, não financeira. As empresas que captam o recurso prometem pagar uma determinada remuneração, por um determinado tempo.
A característica principal de produtos de Renda Fixa é ter remuneração pré determinada ou pré estabelecida, no momento da contratação.
Mas a Renda Fixa nem sempre é FIXA como sugere o nome do ativo. Isso porque os títulos são classificados conforme o tipo de remuneração, como vimos no episódio anterior, quando falamos sobre os TÍTULOS PÚBLICOS, que são exemplos de investimentos de Renda Fixa.
Os títulos PRÉ-fixados fixados são aqueles onde o investidor sabe, no momento da compra, o montante em reais que receberá no vencimento.
Os títulos PÓS fixados são atrelados a determinado parâmetro, como a taxa Selic ou o CDI, ou a um índice de inflação como o IPCA, que paga uma taxa pré-fixada de juros, além do índice de inflação.
Além dos títulos públicos, podemos investir em títulos de empresas privadas.
Há algumas diferenças importantes entre cada um dos títulos privados, como regras diferentes de tributação, níveis de risco, etc. Por isso é importante estudar em detalhes o investimento que interessa ao investidor e entender as regras que se aplicam a cada caso. Vamos apresentar um resumo das características dos principais títulos privados disponíveis no mercado.
CDB
São títulos emitidos por bancos para que eles utilizem estes recursos como capital de giro ou disponibilizando empréstimos para seus clientes. A remuneração pode ser pós ou pré fixada. Há cobrança de IR sobre o lucro no resgate.
LCA e LCI
São títulos emitidos por bancos, mas cujos recursos só podem ser destinados para financiar projetos agrícolas, no caso da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e imobiliários, no caso da Letra de Crédito Imobiliário (LCI). A remuneração pode ser pós ou pré fixada. Não há cobrança de IR no momento do resgate.
DEBÊNTURES
São títulos emitidos por empresas privadas não financeiras para que elas utilizem estes recursos em seus projetos. Para a empresa, a vantagem de oferecer esses títulos está em arrecadar recursos e programar o pagamento do título de acordo com seu fluxo de caixa. A remuneração das debêntures varia conforme o que é oferecido pela Instituição, mas a maioria remunera o investidor com pagamento de juros.
Os títulos privados emitidos por Instituições Financeiras, os bancos, tais como CDB, LCA e LCI são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 250 mil por CPF e por Instituição Financeira.
Já os títulos privados emitidos por Instituições não financeiras, tais como debêntures, CRA e CRI não contam com a proteção do FGC.
Um ponto que quero chamar a atenção e que muita gente desconhece, é o fato de que os títulos de Renda Fixa também podem apresentar volatilidade. De tempos em tempos os títulos pré fixados e aqueles atrelados à inflação mais uma taxa pré, podem conviver com desvalorização. Mas, no caso desses títulos citados, o risco de um eventual prejuízo só ocorre se o investidor o vender antes do prazo de vencimento. Do contrário terá o retorno combinado no momento da aplicação.
O exemplo mais antigo de Renda Fixa é a poupança. Desde 2012 existem duas formas de remunerar a poupança: caso a taxa Selic seja maior que 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% + TR ao mês.
Mas se a Selic estiver menor que 8,5% ao ano, como é o caso atualmente, a poupança rende 70% Selic + TR. Atualmente a TR é zero.
Por isso dizemos que a poupança atualmente não é um bom investimento, pois 70% de 2% (Selic atual) é 1,40 %. Como a inflação deve ficar em torno de 3,5% ao ano em 2020, o dinheiro aplicado na poupança está rendendo JUROS NEGATIVOS.
Episódio 4 – Títulos Públicos Federais
Quando investimos nos títulos públicos federais, na prática, estamos emprestando dinheiro para o governo e recebendo juros em troca.
Os títulos públicos são negociados através do programa denominado Tesouro Direto, que pode ser acessado por qualquer pessoa, no endereço www.tesouro.fazenda.gov.br.
Os títulos públicos são investimentos de Renda Fixa e são considerados os investimentos de menor risco, entre todos os disponíveis para aquisição.
Eles estão divididos em três tipos, de acordo com a remuneração.
No episódio de hoje, ficará mais claro qual a relação dos indicadores comentados no episódio anterior e a remuneração dos títulos.
TESOURO SELIC: é o mais conservador entre os três títulos disponíveis. Tem rentabilidade pós fixada e rende 100% da taxa Selic. A rentabilidade é diária e pode ser resgatado a qualquer momento, sem perdas, sendo utilizado para a Reserva de Emergência.
TESOURO PREFIXADO: com ou sem pagamento de juros semestrais. Rende uma taxa fixa pré definida no momento da aplicação, se levarmos o título até o vencimento. Se vendermos antes, podemos ter lucro ou prejuízo, dependendo do momento do mercado.
TESOURO IPCA +: com ou sem pagamento de juros semestrais. Rende o IPCA (índice de inflação do governo) + uma taxa fixa pré definida no momento da aplicação, se levarmos o título até o vencimento. Se vendermos antes, corremos o risco de ter lucro ou prejuízo, dependendo do momento de mercado.
Custos envolvidos na compra dos títulos do Tesouro:
IOF – tabela regressiva. O Imposto é cobrado sobre os rendimentos. De 96% a 3% em caso de resgate nos 30 primeiros dias da aplicação.
Imposto de Renda – tabela regressiva. O imposto é cobrado sobre os rendimentos:
Até 6 meses – 22,5% sobre o lucro;
De 6 meses a 1 ano – 20% sobre o lucro;
De 1 ano a 2 anos – 17,5% sobre o lucro;
Após 2 anos – 15% sobre o lucro.
Taxa de custódia da B3 - 0,25% a.a. sobre o valor dos títulos para aplicações acima de R$ 10.000,00.
Taxa de administração – é cobrada pela Instituição Financeira que administra seu dinheiro e, por isso, varia de uma instituição para outra. Algumas não cobram essa taxa. Vale pesquisar.
Vantagens de se investir no Tesouro Direto:
GARANTIA DE CRÉDITO DO GOVERNO – em qualquer país, o governo é considerado o menor risco de mercado, já que é ele que controla os principais fatores da economia, inclusive, a emissão de moeda.
SEM CARÊNCIA – os títulos públicos não têm carência para saque antecipado, entretanto, você deve ficar atento para os preços de venda, para ter certeza de que não terá perdas.
INVESTIMENTO INICIAL ACESSÍVEL – todos os tipos de títulos públicos podem ser comprados com investimentos a partir de pouco mais de R$ 30,00.
Por fim, duas dicas importantes:
Cada título público é indicado para um determinado objetivo, devido ao prazo e à remuneração. Estude ou se informe para ter certeza de que está comprando o título mais conveniente para você.
No site do Tesouro Direto existe a opção de simulação dos investimentos. Assim, você poderá ter uma ideia aproximada de qual será o valor da sua reserva no momento do vencimento.
Episódio 3 – Aprendendo sobre os principais indicadores financeiros
Quem está em busca de melhores investimentos deve compreender o conceito de alguns indicadores financeiros.
Indicadores financeiros são aquelas siglas que aparecem sempre nos noticiários, mas não são totalmente compreendidas pelo grande público. As três mais importantes para quem deseja investir com mais inteligência são: CDI, IPCA e Selic.
Se você investiu pelo menos uma vez, já ouviu falar no CDI, que é o Certificado de Depósito Interbancário.
O CDI é a taxa praticada pelos bancos nas transações que realizam entre si. Por exemplo, se uma instituição financeira tomar dinheiro emprestado de outra, ela devolverá esse dinheiro com juros baseados no CDI.
É importante que você saiba que o CDI NÃO é um produto de investimento. Não deve ser confundido com CDB.
Mesmo assim, ele está constantemente presente na vida dos investidores, porque o desempenho de produtos financeiros costuma ter o Certificado de Depósito Interbancário como referência. É possível se deparar com um fundo que remunera 101% do CDI ou um produto de renda fixa que remunera 105% do CDI.
É importante se atentar para essas pequenas diferenças, pois são determinantes para indicar qual investimento é mais vantajoso.
Um ponto bem importante: a rentabilidade da taxa CDI é correlacionada à rentabilidade da taxa Selic. Em condições normais da economia o CDI é semelhante à taxa Selic.
A TAXA SELIC é aquela taxa determinada pelo governo, para balizar a economia do Brasil. Ela é determinada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) em reuniões que acontecem a cada 45 dias. Atualmente a taxa Selic está em 2% ao ano, o menor nível histórico.
Nessas reuniões, os membros do COPOM votam para determinar a taxa que determine o equilíbrio do mercado financeiro brasileiro. A taxa Selic adequada para cada momento é aquela que proporciona a boa circulação do dinheiro na economia. Ou seja, o índice é um facilitador para as trocas de recursos entre pessoas físicas, pessoas jurídicas e instituições financeiras.
A taxa Selic é, de acordo com a política monetária vigente, utilizada para equilibrar a inflação no Brasil.
E já que falamos em inflação, vamos apresentar o terceiro indicador entre os três mais importantes para o investidor brasileiro: o IPCA.
O IPCA é a principal referência quando se fala em inflação no Brasil.
Como vimos, a taxa Selic funciona como um meio de regular a inflação brasileira e impedir que ela atinja níveis extremos. Mas, o principal termômetro da inflação, é o IPCA, Índice de Preços ao consumidor amplo. A determinação do IPCA é feita com base em cálculos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O IPCA se baseia em uma cesta de produtos que compõem o orçamento mensal da maioria das famílias brasileiras. Não se trata da cesta básica, mas de uma composição mais ampla. Ela inclui, não apenas alimentos e produtos do dia a dia, como também itens como energia e outros serviços. Essa grande soma forma a cesta de produtos em que o IPCA se baseia.
Os números auferidos no IPCA apontam para qual caminho a inflação está seguindo, de modo que funciona como um indicador da evolução dos preços no Brasil.
No nosso próximo episódio falaremos sobre os Títulos Públicos, aqueles emitidos pelo governo federal e vendidos ao público em geral, através do programa Tesouro Direto. E entenderemos a relação dos indicadores financeiros, comentados no Episódio de hoje, com a remuneração dos investimentos.
Episódio 2 – Distribuindo seus recursos de acordo com suas estratégias
Costumamos dizer que devemos classificar nossas reservas em três “caixinhas”: a Reserva de Emergência, a Reserva dos Sonhos e a Reserva da aposentadoria ou liberdade financeira (quando trabalharemos só se quisermos, pois, nossas reservas serão suficientes para cobrir nossas despesas).
A Reserva de Emergência é aquele valor que precisamos ter para custear nossas despesas mensais por mais ou menos 6 meses. Por esse motivo é importante termos nosso Fluxo de Caixa organizado, pois assim saberemos quanto precisamos ter, aproximadamente, na Reserva de Emergência. Por exemplo: nossos gastos mensais são de R$ 3 mil? Então o ideal é que tenhamos na Reserva de Emergência R$ 18 mil. E, na Reserva de Emergência temos que ter investimento com alta liquidez e baixo risco. A rentabilidade aqui será o menos importante.
Já na Reserva dos Sonhos, poderemos dar mais importância para investimentos que rendam mais e abrir mão da liquidez, já que não precisaremos daquele dinheiro imediatamente. Por exemplo: podemos comprar um título público, conhecido como Tesouro IPCA, que tem vencimento em 2026 e que tem uma rentabilidade melhor que o título público conhecido como Tesouro Selic, que tem liquidez imediata, mas rende menos.
E para a Reserva da Aposentadoria poderemos privilegiar mais ainda a rentabilidade, usando ativos de diferentes classes (Renda Fixa, Renda Variável, etc) porque só precisaremos desses recursos daqui 15 ou 20 anos. Isso quer dizer que, se tivermos investimentos que apresentam volatilidade num determinado momento (como aconteceu em março de 2020) mas não precisamos daquele dinheiro imediatamente, não resgataremos e deixaremos lá para que ele se recupere e renda mais do que os demais (o que normalmente acontece).
Dessa forma, no LONGO PRAZO, teremos um retorno melhor do que se estivesse tudo em investimentos com muita liquidez e baixo risco.
Além dessas estratégias, que são classificadas de acordo com nossos objetivos, temos que saber qual é a nossa tolerância aos riscos a que estão sujeitos os investimentos.
Todo investimento tem risco. Não investir também tem o risco de perda do poder de compra do seu dinheiro para a inflação.
O mercado financeiro está sujeito a 3 tipos principais de risco: Risco de Mercado, Risco de Crédito e Risco de Liquidez.
Risco de Mercado – é aquele ligado ao mercado do investimento que você está entrando. O risco aqui é você perder dinheiro ou receber menos do que você poderia ter recebido em outro investimento. Risco de um segmento de determinadas ações, risco da taxa de juros subir ou cair, risco de uma moeda se valorizar mais do que outra.
Risco de Crédito – é aquele relacionado à capacidade de pagamento da instituição na qual você vai investir. O risco aqui é a instituição quebrar e não poder lhe devolver o dinheiro investido.
Risco de Liquidez – é o risco relacionado à rapidez com a qual a instituição vai conseguir lhe devolver o dinheiro quando solicitada. O risco aqui é você demorar para receber o dinheiro de volta quando precisar ou receber um valor muito abaixo do que estava esperando.
Episódio 1 – Refletindo sobre suas prioridades para se organizar financeiramente
Quando falamos em realizar sonhos e atingir objetivos na nossa vida precisamos pensar de forma prática. O planejamento financeiro pessoal é justamente essa ponte entre nossos sonhos e a realização deles. E para nos planejarmos financeiramente precisamos pensar em dinheiro. O dinheiro é necessário para atingirmos praticamente todas as nossas metas: o tão aguardado curso universitário, a aquisição da casa própria, aquela viagem de férias planejada há tanto tempo, entre outras coisas.
Sendo assim, é importante saber como nos organizar financeiramente e como investir o dinheiro economizado da melhor forma. Essa série de textos abordará esse caminho desde o início. Desde a organização financeira até as diferenças entre os principais investimentos.
No episódio de hoje falaremos sobre quais devem ser as prioridades para conseguirmos dar o ponta pé inicial nessa organização financeira.
Na primeira etapa desse caminho precisamos mudar nossa cabeça em relação ao dinheiro. Precisamos vencer uma série de obstáculos nessa relação:
1 – desorganização,
2 – desconhecimento,
3 – indisciplina,
4 – procrastinação, palavra estranha que significa deixar para amanhã o que podemos começar hoje. A ideia aqui é começar hoje, mudar nossa cabeça, acreditar que conseguimos.
Na segunda etapa precisamos tomar algumas atitudes importantes para colocar em prática nosso planejamento:
1 – elaborar um fluxo de caixa. Pode ser em uma folha de papel, em uma planilha ou em um aplicativo. Precisamos ter certeza das nossas receitas e das nossas despesas. A contabilidade mental (saber “de cabeça”) não ajuda nessa etapa.
2 – definir objetivos; comprar a casa própria, curso, viagem, aposentadoria
3 – investir em conhecimento. Esse é nosso melhor investimento
4 – ter disciplina. Muitas vezes um investimento com parcelas debitadas automaticamente da conta corrente é uma boa forma de começar, mesmo que seja com um valor pequeno. Aos poucos, podemos ir aumentando esse valor, até conseguirmos poupar, mensalmente, um percentual maior da nossa receita.
É muito mais importante poupar um pouco todo mês, do que um valor maior, eventualmente.