Extensão | Viver de arte? Pensando artes cênicas: criação, produção e contexto visa compartilhar experiências de diferentes artistas da cidade
Foto de capa: Marco Rodrigues no espetáculo Feito Criança (Foto: Adriana Marchiori)
Criar possibilidades em um mundo em que parece não haver mais perspectivas para a cena artística: esse é o maior propósito do evento Viver de arte? Pensando artes cênicas: criação, produção e contexto, organizado pelo grupo de pesquisa Fresta e promovido pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas e pela Extensão da UFRGS. Com inscrições abertas até 26 de outubro, a ação irá realizar, a partir de 4 de novembro, oito encontros virtuais destinados a um público amplo, que pertença ou não ao âmbito acadêmico, e abordará as conexões entre universidade, sociedade e mercado de trabalho.
Com participação de artistas de Porto Alegre de diferentes gerações, a ação pretende constituir um espaço de diálogo entre discentes e agentes da cultura local. Segundo Patrícia Fagundes, coordenadora do grupo de pesquisa Fresta, a dura realidade enfrentada pelos artistas neste momento precisa ser compartilhada e debatida. “A gente precisa de espaços para conversar desde o ponto de vista de quem tá produzindo a cena até o ponto de vista dos artistas que atuam nessa cena.”
A atividade tem a intenção de fazer essa mistura geracional justamente para que ocorram trocas de ideias e vivências no meio artístico. A ação de pensar o real contexto e a relação da sociedade com o mercado pode fortalecer o imaginário dos discentes em um mundo de perspectivas limitadas no âmbito das artes.
“Essa mistura sempre é boa. A gente precisa da memória para imaginar o futuro; a gente precisa reconhecer o que veio antes, onde estamos, para imaginar para onde a gente pode ir, os caminhos possíveis”
Patrícia Fagundes
Além de abordar temas sobre o mercado de trabalho artístico, a atividade visa abarcar também a precarização da cultura e da educação. Para Patrícia, na capital nunca houve preocupação de se oferecerem investimentos para a produção de um trabalho continuado e consistente em artes cênicas. “O grande investimento é para festivais, para eventos pontuais que atraem público e o olho da imprensa, mas não representam nem estruturam o trabalho continuado dos grupos, dos artistas e dos coletivos que fazem as artes cênicas desta cidade.”

A docente destaca ainda que a única forma de os artistas se fortalecerem é reforçar o aspecto coletivo da comunidade artística e acadêmica. Criar juntos janelas para vislumbrar possíveis saídas, com reflexões, ouvindo histórias de outras pessoas, ampliando a imaginação e consolidando as possibilidades criativas das artes.
“Os ataques são no imaginário, como se não fosse importante o que a gente faz, como se nada tivesse valor a não ser o que produz sucesso, o que produz dinheiro. Então é um ataque ético, estético e poético das possibilidades de visão de mundo, de imaginação de outros mundos possíveis”
Patrícia Fagundes
Diante disso, a docente aponta a importância das artes cênicas para além da questão financeira. A dança, o teatro, o circo, a performance carregam valores como a construção da cidadania, da humanidade, do convívio e do bem-estar social. Por isso, é essencial a Universidade manter esse fomento e esse diálogo com a comunidade. “O evento está congregando diferentes áreas da Universidade e também os artistas da cidade que não são da academia necessariamente. Existe um trânsito muito forte entre Universidade e meio artístico da cena aqui na cidade, e também no Brasil, e eu me sinto com a missão de manter isso.”
O evento Viver de arte? Pensando artes cênicas: criação, produção e contexto acontece de 4 a 16 de novembro, quintas e sextas-feiras, das 14h às 17h, e de modo intensivo no dia 26 de novembro, das 9h às 12h e das 14h às 17h. A atividade é totalmente gratuita e as inscrições podem ser realizadas até 26 de outubro.