A partir do final dos anos 70 uma ampla e complexa produção acadêmica sobre as relações de gênero foi sendo veiculada, em especial quando se buscava analisar e compreender questões sociais e educacionais. Estudiosas e pesquisadoras de várias nacionalidades e filiações teóricas e disciplinares participaram da construção desse campo. O movimento que, do ponto de vista acadêmico, surgiu com os departamentos de Women studies e que, posteriormente, se ampliou para os Gender Studies, multiplicou-se, em muitas instituições, e serviu como impulsionador de uma ampla gama de pesquisas que passou a interrogar, a partir da perspectiva do gênero, distintos campos – a Educação, a História, o Direito, a Literatura, a Arte, a Saúde, a Teologia, etc. Atestam o reconhecimento internacional da área os vários departamentos de universidades norte-americanas, mexicanas, inglesas, alemãs, australianas e de outros países centrados na temática; as inúmeras revistas dedicadas à área; a sempre crescente expansão de publicações nessa rubrica constantes dos catálogos das editoras; a multiplicidade de eventos, congressos e encontros voltados para o debate específico; a alocação, pelas fundações e instituições financiadoras, de bolsas e de incentivos diretos à investigação na área.
A partir desse contexto de efervescência teórica, surgiu O GEERGE – Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero -, criado pela profª Guacira Lopes Louro em 1990, constituindo-se em um grupo de docentes e estudantes ligados ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio-Grande do Sul – Brasil, que se dedica a atividades de investigação, ensino e extensão. Gênero, sexualidade, raça/cor, etnia, classe, religião, nacionalidade, geração, em articulação com a Educação constituem-se no foco de atuação do grupo desde então.
O GEERGE é um dos grupos mais antigos do Brasil, reconhecido pelo CNPq como uma instância acadêmica formadora de pesquisadores/as, reunindo estudantes e docentes interessados em investigar e discutir questões relacionadas a gênero, sexualidade, etnia, educação, em suas múltiplas e complexas articulações.
Foi a partir de tais estudos desenvolvidos pelo GEERGE, que surgiu a ideia de criarmos a linha de pesquisa Educação e Relações de Gênero, que anos mais tarde passou a se chamar Educação, Sexualidade e Relações de Gênero, uma vez que a temática vinha aparecendo sistematicamente na grade de ofertas do PPGEDU – Programa de Pós-Graduação em Educação. Inicialmente, os Seminários Avançados e as Leituras Dirigidas tinham como foco “Mulher e educação” (em 1989 e 1990).