Cinema

Mês da Consciência Negra na Sala Redenção: oito filmes brasileiros

Por 18 de novembro de 2020janeiro 28th, 2021Sem comentários

Oito filmes brasileiros, desde curtas a longas metragens, dão o tom na próxima mostra da Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS. De 18 a 29 de novembro, a mostra Consciências Negras é um mergulho na vida e nas dificuldades enfrentadas pela população negra no Brasil.

Após um ano de protestos globais contra as mortes abjetas dos negros americanos George Floyd e Breonna Taylor feitas por policiais brancos nos Estados Unidos, além das milhares de prisões injustas e mortes violentas que o povo negro sofre no Brasil e no mundo – sem contar a desigualdade social, falta de oportunidades, racismo e tantos outros problemas crônicos -, trazemos produções totalmente online para você assistir de sua casa. É uma singela homenagem ao mês da Consciência Negra, um mês que todos devemos respeitar. Não somente sendo antirracistas e estando lado a lado na luta, mas sabendo admirar a arte e a cultura elaboradas pelos inúmeros artistas negros que fazem o cinema, música, dança, artes cênicas e artes visuais pulsarem.

CONSCIÊNCIAS NEGRAS

18 a 29 de novembro

A Sala Redenção, em parceria com o Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da UFRGS (DEDS), como parte da programação voltada para as questões relacionadas ao mês da consciência negra, apresenta uma seleção de oito filmes, sendo cinco curtas e três longa-metragens. A partir desses filmes é possível refletir a respeito do registro das subjetividades de pessoas negras no cinema.

Alma no Olho é um filme paradigmático no cinema brasileiro. Realizado por Zózimo Bulbul, o diretor e ator utiliza o próprio corpo para recontar a trajetória de seus antepassados, basta um fundo branco para que Bulbul reconstrua desde a diáspora africana até a intolerância racial de hoje, tudo isso tendo seu rosto como ponto de partida e de chegada. Um curta fundador de uma revisão da identidade afrobrasileira e da forma como ela é representada no cinema.

NoirBlue, de Ana Pi, parte desse uso do corpo como ponte entre os continentes da África e da América Latina, como um resgate dessas ancestralidades, assim como Travessia, de Safira Moreira, que desafia o apagamento desses antepassados, reforçando a subjetividade de pessoas negras através do registro. Deus, de Vinícius Silva, vai por esse caminho ao acompanhar a vida de Roseli, uma mãe que cria seu filho sozinha, em que o dia-a-dia dessa família carrega a potência da luta diária da mulher negra. Finalizando os curtas, República parte do olhar febril de Grace Passô para observar um Brasil que recusa sua própria população, recriando realidades possíveis.

Café com Canela, de 2017, é o primeiro longa presente no ciclo: filme de estreia dos diretores Ary Rosa e Glenda Nicácio, com elenco e equipe técnica compostos predominantemente por pessoas negras, fala, através da relação entre Margarida e Violeta, sobre afeto e comunhão; A Pedra, de Davidson Davis Candanda, segue por outro caminho, o do documentário, para contar três histórias de luta e resistência ao racismo dentro das relações acadêmicas e profissionais; finalizando a mostra, temos Tempo Zawose, dirigido por Lwiza Gannibal, documentário sobre uma família de artistas que mora em um pequeno vilarejo na Tanzânia e cultiva a herança musical, transmitida de geração em geração, do povo wagogo.

Nossa proposta com esse ciclo não é apresentar uma ou outra narrativa específica, mas mostrar a multiplicidade de olhares e subjetividades possíveis dentro do cinema feito por pessoas negras. A mostra segue entre os dias 18 e 29 de novembro.

pela Equipe Sala Redenção e José Antônio dos Santos (DEDS-UFRGS)

PROGRAMAÇÃO

ALMA NO OLHO
(dir. Zózimo Bulbul | Brasil | 1973 | 12 min)

Metáfora sobre a escravidão e a busca da liberdade através da transformação interna do ser, num jogo de imagens de inspiração concretista.

Assista: https://vimeo.com/160519751

NOIRBLUE
(dir. Ana Pi | Brasil | 2017 | 27 min)

No continente africano, Ana Pi se reconecta às suas origens através do gesto coreográfico, engajando-se num experimento espaço-temporal que une o movimento tradicional ao contemporâneo. Em uma dança de fertilidade e de cura, a pele negra sob o véu azul se integra ao espaço, reencenando formas e cores que evocam a ancestralidade, o pertencimento, a resistência e o sentimento de liberdade. 

Assista: https://anazpi.com/noirblue-doc/

TRAVESSIA
(dir. Safira Moreira | Brasil | 2017 | 5 min)

Uma busca pela memória fotográfica das famílias negras, utilizando-se de uma linguagem poética e assumindo uma postura crítica e afirmativa diante de sua ausência e da estigmatização na representação do negro.

Assista: https://vimeo.com/236284204

DEUS
(dir. Vinícius Silva | Brasil | 2017 | 25 min)

Roseli mulher negra e mãe da zona leste, periferia da cidade de São Paulo, cria seu filho Breno, sozinha.

Assista: https://vimeo.com/214680258

REPÚBLICA
(dir. Grace Passô | Brasil | 2020 | 15 min)

Tudo não passa de um sonho? A obra integra o “IMS Programa Convida”, ação de incentivo à criação artística durante o período de quarentena.

Assista: https://vimeo.com/423769303

CAFÉ COM CANELA
(dir. Ary Rosa, Glenda Nicácio | Brasil | 2017 | 102 min)

Recôncavo da Bahia. Margarida vive em São Félix, isolada pela dor da perda do filho. Violeta segue a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando Violeta reencontra Margarida inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=zjIopxnMV9E

A PEDRA
(dir. Davidson Davis Candanda | Brasil | 2019 | 81 min)

Roberto Borges é professor do mestrado em Relações Étnico-Raciais do Cefet-RJ – curso que ele ajudou a criar. A professora Heloise da Costa realiza, numa escola municipal da Vila Cruzeiro, favela do Complexo da Penha (RJ), um projeto que trabalha a construção de identidade de crianças negras. Aos 42 anos, Adelson Martins tenta terminar o ensino médio e gerir o seu próprio negócio, uma serralheria, com ajuda da esposa. O filme é um olhar sobre esses três personagens, aborda algumas de suas conquistas na luta antirracista, além de levantar questões sobre racismo na educação.

Assista: https://www.looke.com.br/filmes/a-pedra
Como assistir: Basta fazer um cadastro gratuito no site acima ou logar com a sua conta do Facebook

TEMPO ZAWOSE
(dir. Lwiza Gannibal | Brasil | 2019 | 51 min)

Bagamoyo, Tanzânia, 2019. Em um vilarejo isolado moram os membros da família Zawose. Uma família de artistas que cultiva a herança musical, transmitida de geração em geração, do povo wagogo, composta de um repertório único e de instrumentos feitos artesanalmente.

Assista: https://www.looke.com.br/filmes/tempo-zawose
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