O QUE É O PROJETO ALMA?
O Atlas Linguístico-Contatual das Minorias Alemãs na Bacia do Prata (ALMA) é um macroprojeto desenvolvido em conjunto pelas áreas de Romanística (da Christian-Albrecht-Universität de Kiel – CAU, Alemanha) e Germanística (do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Brasil), sob a coordenação de Harald Thun (Kiel) e Cléo V. Altenhofen (Porto Alegre). O projeto ALMA foi viabilizado pelo apoio da Fundação Alexander von Humboldt, no âmbito do Programa de Parcerias Internacionais (Institutspartnerschaft). São parceiros na destinação de bolsas a membros graduandos, mestrandos e doutorandos: Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPESQ-UFRGS), com bolsas de iniciação científica; Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – CAPES); Centro de Estudos Europeus e Alemães (CDEA).
O projeto segue o princípio “federativo”, reunindo subprojetos das diferentes variedades do alemão (saiba mais) com metodologia e dados comparáveis que possam, futuramente, serem reunidos em um estudo comum, como um puzzle que permita descrever a completude da variação da língua alemã falada por populações imigrantes na área central da grande Bacia do Prata.
A fase atual do macroprojeto ocupa-se com o ALMA-H, que enfoca o Hunsrückisch – definido como uma coiné de contato com o português derivada historicamente do contínuo dialetal de base francônio-renana e francônio-moselana do alemão como língua de imigração trazida, a partir da primeira metade do séc. XIX, sobretudo ao Rio Grande do Sul, leste de Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo.
Após quase dois séculos da imigração alemã no Brasil, o Hunsrückisch ainda hoje é falado por mais de 1 milhão de brasileiros. Separados às vezes por milhares de quilômetros, as experiências e sentimentos dos falantes se entrelaçam. O documentário é um produto do IHLBrI (Inventário do Hunsrückisch como Língua Brasileira de Imigração), coordenado por Cléo Vilson Altenhofen (ALMA-H / UFRGS) e Rosângela Morello (IPOL). A partir das pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo, foram selecionados trechos de entrevistas que ilustram diferentes usos da língua, tanto no meio familiar como na administração, na imprensa, no comércio, em manifestações culturais, na educação e na religião. Além do cotidiano, da história e da cultura dessas comunidades, o documentário procura registrar temas essenciais para o entendimento da formação da língua e da identidade nas comunidades alemãs no Brasil, como as diferentes denominações, a grande variação interna da língua, a chegada à escola e a dificuldade na hora de aprender o português, a relação com o alemão standard e a convivência com outras variedades de alemão. Viver no Brasil falando Hunsrückisch busca dar ouvidos à língua e à visão de mundo dos falantes de Hunsrückisch. O documentário foi lançado durante o III Encontro de Falantes de Hunsrückisch, em Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, Brasil.
HUNSRÜCKER PLATT NO BRASIL
Em entrevista concedida ao canal SWR, da Alemanha, durante o programa Landesschau, o professor e linguista Cléo Altenhofen falou sobre a língua de imigração Hunsrückisch, que não é apenas tema de seus estudos, mas também sua língua materna.