Em 17 de março de 2020, um homem de 48 anos apareceu em um hospital italiano com febre, tosse, dificuldade para respirar e hiporexia (falta de apetite) há seis dias. O exame físico revelou sinais vitais normais e não havia comorbidades. Por causa da suspeita de COVID-19, ele foi logo admitido ao setor apropriado no hospital. Um exame de raio X de tórax revelou pneumonia e o RT-PCR de amostras de suabe de nasofaringe foi positivo para o SARS-CoV-2.
Após 14 dias, os sintomas respiratórios e a febre desapareceram. Duas amostras consecutivas de suabe de nasofaringe foram negativas para o vírus. O paciente foi liberado e permaneceu em quarentena em casa por mais 14 dias. O RT-PCR continuou negativo em 15 de abril, durante o seu acompanhamento, sugerindo que o paciente estava curado. Dois testes sorológicos revelaram a presença de anticorpos IgM e IgG contra o SARS-CoV-2.
Porém, em 30 de abril ele desenvolveu novos sintomas (desconforto respiratório e dor no peito), sendo readmitido ao hospital. Por causa de sua recente história clínica, foi realizado o teste de RT-PCR para o SARS-CoV-2, cujo resultado foi positivo.
A presença do vírus em pacientes infectados parece flutuante por causa da possível ocorrência de resultados falso-negativos, da carga viral, da experiência de quem coleta a amostra para o exame e do tipo de amostra. Porém, o caso descrito aponta para uma reativação real da infecção após três testes de RT-PCR negativos. Existem relatos na literatura de uma proporção de 9% de reativação em pacientes com COVID-19 após serem liberados do hospital. A possibilidade de reativação é uma preocupação de saúde pública, já que pode contribuir para a disseminação do vírus na população.
FONTE: Recurrence of COVID‑19 after recovery: a case report from Italy. Daniela Loconsole et al. Infection, 2020. https://doi.org/10.1007/s15010-020-01444-1